─ “Por isso não reprimirei a minha boca, falarei na ANGÚSTIA do meu espírito, queixar-me-ei na amargura da minha alma”. (Bíblia Sagrada) Jó 7: 11.
ANGÚSTIA
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O que é angústia? Muitos poderiam dar uma resposta bem pessoal e subjetiva a essa pergunta. Falando de modo geral, angústia é um sentimento que acompanha o ser vivo, muito especialmente o ser humano, por toda à sua existência; porém, nem sempre é um sentimento exposto. A angústia é uma das mais fortes opressoras da humanidade, é um sentimento da alma que pode atacar na mesma medida tanto o rei como o mendigo. Angústia é uma emoção que pode ser abafada, e dependendo da circunstância eliminada. Ela só será eliminada quando se resolver o problema, ou aceitar a situação como ela é.
Na verdade existiram e existem pessoas de caráter forte que, com suas determinações, se posicionam obstinadamente diante da angústia, mas isso não quer dizer vitória, solução do problema, e sim uma formula de driblar a situação, passar por ela sem maiores sofrimentos. Podemos tentar ignorar a angústia, mas não escaparemos de situações dolorosas. O que a Bíblia Sagrada diz sobre a angústia? Ela diz, por exemplo, que a angústia é um sofrimento que pode se tornar visível. ─ Então, disseram uns aos outros: Na verdade, somos culpados acerca de nosso irmão, pois vimos à angústia de sua alma, quando nos pedia; nós, porém, não ouvimos; por isso, vem sobre nós esta angústia. (Bíblia Sagrada) Gên. 42: 21.
Esta mensagem nos relata um exemplo disso quando os irmãos de José chegaram ao Egito para comprar cereal e se encontraram no palácio de José, e, não sabendo o que fazer disseram uns aos outros: “Na verdade, somos culpados, no tocante ao nosso irmão, pois lhe vimos a angústia da alma, quando nos pedia, e não lhe acudimos…”A angústia, assim diz a Bíblia Sagrada, não só paralisa a língua, mas também faz com que ela fale. Mais uma vez temos o desprazer ouvirmos Jó dizer: ─ “Por isso não reprimirei a minha boca, falarei na ANGÚSTIA do meu espírito, queixar-me-ei na amargura da minha alma”. (Bíblia Sagrada) Jó 7: 11.
Mas angústia também faz com que até ímpios cheios de justiça própria se sintam perturbados. Bildade, um amigo de Jó descreve o ímpio dessa maneira: ─ “Os assombros o espantarão de todos os lados, e o perseguirão a cada passo”. (Bíblia Sagrada) Jó 18: 11. As Escrituras Sagradas também ensinam que a angústia é mais forte do que a maior abastança. Outro amigo de Jó, Zofar nos comunica isto quando diz: ─ “Na plenitude da sua abastança, ver-se-á angustiado, toda a força da miséria virá sobre ele”. (Bíblia Sagrada) Jó 20: 22. Angústia também provoca trevas. Quando Isaías teve que anunciar uma punição sobre Israel, falou acerca das consequências desse juízo:
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─ “Bramam contra eles naquele dia, como o bramido do mar; se alguém olhar para a terra, eis que só há trevas, angústia, e a luz se escurece em densas nuvens”. (Bíblia Sagrada) Isa. 5: 30. O Profeta Isaías infelizmente chegou o dia em que; teve que proclamar contra o seu próprio povo afastado da fé, uma dura e triste mensagem de angústia: ─ E, olhando para a terra, eis que haverá angústia, escuridão, e serão entenebrecidos com ânsias e arrastados para a escuridão. (Bíblia Sagrada) Isa. 8: 22. Esses são exemplos negativos, mas também há exemplos positivos. Aqui, o Rei Davi nos ensina que a palavra de Deus sempre é mais forte que a angústia: ─ “Sobre mim vieram tribulação e angústia, todavia os teus mandamentos são o meu prazer”. (Bíblia Sagrada) Sal. 119: 143. A angústia está presente, mas a alegria na palavra de Deus é maior. Outra tradução diz:
“Fiquei cercado por sofrimento e desespero, mas os teus mandamentos foram a minha grande alegria”. O poder de Deus também sempre é maior do que a angústia: ─ “Se ando em meio à tribulação, tu me refazes a vida; estendes a mão contra a ira dos meus inimigos, e a tua destra me salva”. (Bíblia Sagrada) Sal. 138: 7. E assim o Profeta Isaías mais uma vez nos anima há prosseguir, dizendo: ─ “O povo que andava em trevas viu grande luz, e aos que viviam na região da sombra da morte, resplandeceu-lhes a luz”. (Bíblia Sagrada) Isa. 9: 2. E assim como podemos ver, quando nós estamos na direção de Deus, nem mesmo a angústia prevalece contra nós. No Novo Testamento, o Apóstolo Paulo confirma essa gloriosa verdade:
─ “Quem nos separará do amor de Cristo? Será a tribulação, aangústia, a perseguição, a fome, a nudez, o perigo, ou espada?… Porque eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem anjos, nem principados, nem cousas do presente, nem do porvir, nem poderes, nem altura, nem profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor”. (Bíblia Sagrada) Rom. 8.35, 38 – 39. E o que disse o Senhor Jesus sobre a angústia? É muito esclarecedor e elucidativo observar que Ele nunca afirmou que neste mundo não haveria sofrimento.
Na verdade, muitas vezes, se prega que ao se tornar cristão, a pessoa não terá mais tribulações ou tentações. Mas isso não é verdade. O próprio Senhor Jesus disse claramente: ─ Tenho-vos dito isso, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo; eu venci o mundo. (Bíblia Sagrada) João 16: 33. E então Ele acrescenta o glorioso ‘mas’: “Mas tende bom ânimo, eu venci o mundo”. Em outras palavras: O mundo é o reino de Satanás, mas Minha vitória sobre esse mundo pode ser a sua vitória também, isto é, em Mim vocês têm a possibilidade de vencer a própria angústia. Essa é a posição de Jesus em relação à angústia!
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Quem foi o primeiro homem que se defrontou com a angústia? Foi Adão, logo após cair em pecado. Antes da queda, Adão não conhecia esse sentimento. Contudo, depois do pecado ter entrado em sua vida, ele foi invadido pelo terrível sentimento de temor: ─ “E chamou o Senhor Deus á Adão, e lhe perguntou: Onde estás? Ele respondeu: Ouvimos a tua voz soar no jardim, e, porque estamos nus, tivemos medo e nos escondemos”. (Bíblia Sagrada) Gên. 3: 9 – 10. De repente Adão e Eva tiveram medo de Deus, o seu Criador, com o qual antes formavam uma unidade, uma harmonia perfeita! Antes de caírem em pecado, eles se alegravam quando Deus vinha ao jardim, mas agora, de repente, foram invadidos pelo medo.
Que consequências devastadoras tem a sua desobediência até os dias de hoje! Agora chegamos à pergunta mais importante: Quem provou os mais profundos abismos da angústia em todos os tempos? Foi o homem Jesus Cristo no Jardim do Getsêmani. Ali Ele sofreu uma angústia tão grande que não fazemos a menor ideia do que possa ter sido passar pelo que Ele passou. Quando temos medo, quando não sabemos mais o que fazer, podemos olhar para Jesus e nos lembrar de que à Sua tribulação ainda foi muito maior. Desse sentimento angustiante do nosso Senhor Jesus, nós já lemos profeticamente no Salmo que diz:
─ Não te distancies de mim, porque a tribulação está próxima, e não há quem me acuda. Muitos touros me cercam, fortes touros de Basã me rodeiam. Contra mim abrem as bocas, como faz o leão que despedaça e ruge. Derramei-me como água, e todos os meus ossos se desconjuntaram; meu coração fez-se como cera, derreteu-se dentro de mim. Secou-se o meu vigor, como um caco de barro, e a língua se apega ao céu da minha boca; assim me deitas no pó da morte. (Bíblia Sagrada) Sal. 22: 11 – 15. Essas palavras do Senhor sofredor descrevem a profundeza abismal e ilimitada que Jesus Cristo sofreu no Jardim do Getsêmani: A agonia da morte.
─ “E, estando em agonia, orava mais intensamente. E aconteceu que o seu suor se tornou como gotas de sangue, caindo sobre a terra”. (Bíblia Sagrada) Luc. 22: 44. Ele lutou com a morte, a partir dos momentos antecedentes à sua prisão para a crucificação no Jardim do Getsêmani. Ele na verdade havia passado praticamente toda à sua Vida, sabendo que iria morrer, e como morreria. Mas a aproximação do mais terrível e diabólico evento, a angústia tomou conta do seu Coração e dos seus pensamentos. Ali Ele estava em terríveis e pavorosas agonias de morte. Este fato é refletido nas palavras: “E, estando em agonia”. Ele se encontrava em agonia de morte porque Ele, sendo Deus conhecia cada detalhe da Sua prisão, espancamento, crucificação e morte.
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Satanás, o príncipe e dominador deste mundo, nessa ocasião lutava desesperadamente pela manutenção do seu reino sobre a terra, pois ele sabia muito bem que o Getsêmani era a última etapa de Jesus antes do Calvário. Se Jesus alcansace a cruz, garantiria assim a salvação da humanidade, e assim o sonho de satanás de se tornar senhor da mesma, viraria pesadelo. Daí, o pavor, a angústia, a agonia, o desespero de Jesus, vendo chegar a hora do mais terrível sofrimento que o pobre ser humano já havia experimentado, a maldita crucificação. Sentindo na própria pele; digamos assim toda aquela desgraça que lhe estava preparada para Ele enfrentar. E tudo aquilo, era a intensão de satanás simplesmente fazer com que o Senhor Jesus desistisse da ideia de enfrentar à crucificação.
Pois, na sua crucificação e morte estaria à vitória d’Ele e da humanidade perdida, porém, na Sua desistência estaria à perdição geral, o descredito do Próprio Deus. Ali Jesus estava à beira da morte; Ele lutou com a morte. Esse ataque à Sua vida e à Sua obra redentora provocou uma violenta e mortal angústia, uma verdadeira agonia de morte. Isso Ele suportou certamente como homem, como ser humano, e não como Deus. Porém como Deus que Ele é, conhecia há partir da prisão, cada agressão que iria sofrer durante a crucificação, até a morte. Será que existe uma diferença entre medo e pavor?
Não sei, nós não podemos nos esquecer, que estamos falando de um ser humano, que agia comum e normalmente como um homem, e agora era à sua vez de ser, preso, crucificado e morto para resgatar, nada mais, nada menos que uma humanidade perdida. Porém, Jesus como homem que era cheio de amor pela humanidade perdida havia designado dar sua vida por ela: Então disse Ele: ─ “Por isso o Pai me ama, porque eu dou a minha vida para tê-la de volta. Ninguém a tira de mim; pelo contrário, eu espontaneamente a dou. Tenho autoridade para há entregar e também para reavê-la. Esta ordem, recebi de meu Pai”. (Bíblia Sagrada) João 10: 17 – 18.
Chegou a hora de analisar detalhadamente todo um sofrimento que começaria em alguns instantes, e aí começa o pavor, a agonia que pode virar desespero, pois daqui á alguns minutos todas aquelas desgraças começarão há acontecer sobre o Seu corpo. Daí à maldita angústia, a ponto do próprio suor virar sangue. Jesus teve que experimentar as piores profundezas da angústia, o que significa que sofreu grande aflição. Isto deveria e pode nos ajudar e nos consolar em nossas angústias e tribulações. Como podemos vencer nossas angústias? Depositando nossa confiança no Deus Todo-Poderoso. Como podemos fazer isso? Jesus já fez isso antes de nós e nos serve de exemplo. Na Carta aos Hebreus ainda lemos algo maravilhoso a esse respeito:
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─ “Ele, Jesus, nos dias da sua carne, tendo oferecido, com forte clamor e lágrimas, orações e súplicas á quem o podia livrar da morte, e tendo sido ouvido por causa da sua compaixão”. (Bíblia Sagrada) Heb. 5: 7. Aqui se trata do momento no Getsêmani, quando Jesus, em Sua ilimitada angústia, confiou no Deus Todo-Poderoso e O invocou em oração. Isto não é novidade para nós. Mas talvez, precisamos aprender de maneira totalmente nova há aplicar isto também em nossas vidas. Jesus nos deixou o melhor exemplo de como confiar no Deus Todo-Poderoso em nossa angústia. Na Carta aos Hebreus, mais uma vez está escrito de maneira muito consoladora:
─ “Pois naquilo que ele mesmo sofreu, tendo sido tentado, é poderoso para socorrer os que são tentados”. (Bíblia Sagrada) Heb. 2: 18. Com outras palavras: Tendo sofrido, vencido e triunfado no Getsêmani, Ele também pode nos ajudar em nossos medos e angústias, e assim vencê-los também. Ele quer nos ensinar a orar com perseverança justamente nesses momentos. Ele próprio não viu outra maneira para sair da Sua angústia do que por meio de petições e súplicas. Quanto mais devemos nós também trilhar esse caminho para sair de todas as nossas angústias e apertos que nos surpreendem quase que diariamente. Tiago acentua muito esse aspecto quando diz: ─ “Está alguém entre vós sofrendo? Faça oração. Está alguém alegre? Cante louvores”. (Bíblia Sagrada) Tia. 5: 13.
Será que não seria válido começarmos a considerar e interiorizar essa verdade de maneira totalmente nova em nossas vidas? Vamos começar a confiar n,Ele incondicionalmente em qualquer situação? Confiar significa depositar aos seus Pés as nossas necessidades, com a certeza da resposta positiva! Os seguintes exemplos da vida de Davi devem nos mostrar o quanto ele também confiava nessa realidade: ─ “Responde-me quando clamo, ó Deus da minha justiça; na angústia me tens aliviado; tem misericórdia de mim e ouve a minha oração”. (Bíblia Sagrada) Sal. 4: 1. “Na minha angústia invoquei o Senhor, gritei por socorro ao meu Deus”. (Bíblia Sagrada) Sal. 18: 6.
─ “Sendo assim, todo ser humano piedoso te fará súplicas”. (Bíblia Sagrada) Sal. 32: 6. “Desde os confins da terra clamo por ti, no abatimento do meu coração”. (Bíblia Sagrada) Sal. 61: 2. “Não escondas o teu rosto do teu servo, pois estou atribulado”. (Bíblia Sagrada) Sal. 69: 17. ─ “Em meio à tribulação invoquei o Senhor, e o Senhor me ouviu e me deu folga”. (Bíblia Sagrada) Sal. 118: 5. Não são testemunhos maravilhosos? Davi creu que só havia uma escapatória na angústia: Invocar o Senhor em perfeita confiança. O que significa invocar o Senhor na angústia, orando? Essa pergunta é respondida pelas orações de Davi. Por exemplo, várias vezes aparece a expressão, clamar:
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“Responde-me quando clamo, na minha angústia… gritei”, “desde os confins da terra clamo por ti”, “em meio à tribulação invoquei o Senhor”. Percebemos que Davi pediu socorro aos Céus. Aqui temos uma chave para sermos realmente libertos das angústias. Não se trata de simplesmente orar, mas temos de clamar e suplicar. Para compreender isso devemos também observar melhor as orações de nosso Senhor Jesus feitas ao Pai quando Ele se encontrava angustiado. Tomaremos como exemplo as Suas orações e Sua confiança no Deus Todo-Poderoso. Pois do ponto de vista bíblico, a expressão ‘invocar ao Senhor‘ significa ainda muito mais.
─ “Ele, Jesus, nos dias da sua carne, tendo oferecido, com forte clamor e lágrimas, orações e súplicas a quem o podia livrar da morte, e tendo sido ouvido por causa da sua piedade”. (Bíblia Sagrada) Heb. 5: 7. Quando se toma essa declaração literalmente, então chegamos irrefutavelmente à conclusão de que o Senhor, na verdade, gritou, clamou e até chorou de forma audível. Não sabemos a que distância os discípulos estavam do seu Senhor no Jardim do Getsêmani, mas eles devem ter dormido profundamente, pois aparentemente não ouviram a oração de Jesus. O que nosso Senhor padeceu ali nem conseguimos explicar nem entender a fundo, mas deve ter sido uma situação terrível. Aqui mais uma vez podemos ler:
─ E, estando em agonia, orava mais intensamente. E o seu suor tornou-se em grandes gotas de sangue que corriam até ao chão. (Bíblia Sagrada) Luc. 22: 44. Mas se queremos saber com mais precisão o que significa o que nosso Senhor… ofereceu com forte clamor e lágrimas, orações e súplicas a Deus, então devemos nos dar ao trabalho de estudar essas orações. Algo interessante chama a nossa atenção, ou seja: exceto no texto já citado de Hebreus 5.7, em nenhum evangelho é dito que o Senhor começou a clamar ou a gritar nessa oração. Somente Lucas indica tal situação com a expressão “…e orava mais intensamente”. Mateus descreveu o episódio da seguinte maneira: Adiantando-se um pouco, prostrou-se sobre o seu rosto, orava dizendo: Meu Pai: Se possível, passe de mim este cálice!
Todavia, não seja como eu quero, e, sim, como tu queres! Tornando a retirar-se, orou de novo, dizendo: Meu Pai, se não é possível passar de mim este cálice sem que eu o beba, faça-se a tua vontade!… Deixando-os novamente, foi orar pela terceira vez, repetindo as mesmas palavras” (Mat. 26: 39, 42, 44). E Marcos escreve: “E, adiantando-se um pouco, prostrou-se em terra; e orava para que, se possível, lhe fosse poupada àquela hora. E dizia: Aba, Pai, tudo te é possível; passa de mim este cálice; contudo, não seja o que eu quero, e, sim, o que tu queres!… Retirando-se de novo, orou repetindo as mesmas palavras…
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E veio pela terceira vez…” (Mar. 14: 35 – 36, 39, 41). Aqui vemos melhor o que a oração de nosso Senhor podia significar, pois duas coisas chamam a nossa atenção:
- Jesus Cristo não pronunciou essa oração apenas uma vez, mas três vezes.
- Ele orou três vezes, mas não deixou de submeter-se à perfeita vontade de Seu Pai cada vez que orou.
Que profundo mistério está oculto nessas orações! Nosso Senhor, portanto, orou três vezes. Se Hebreus 5.7 diz que o Senhor “nos dias da sua carne, tendo oferecido, com forte clamor e lágrimas, orações e súplicas” então não se trata, em primeiro lugar, da forma de Sua oração. Não se trata da questão se o Senhor clamou e gritou de maneira pungente, e, sim, que o Senhor fez esta oração três vezes! Em outras palavras: Ele orou com persistência.
Jesus Cristo se encontrava na maior angústia, e esta angústia O levou a orar. Mas essa oração não foi apenas um grito curto e isolado ao Pai. Não, Ele orou três vezes de maneira muito consciente e lúcida repetindo sempre as mesmas palavras. Depois da primeira oração, a Bíblia diz claramente: “Tornando há retirar-se, orou de novo, dizendo…” e depois da segunda vez: “E deixando-os novamente, foi orar pela terceira vez”. Como seria bom se compreendêssemos isso para a nossa vida pessoal de oração! Muitas vezes nos defrontamos com todo tipo de angústias e apertos, e o que fazemos então, quando somos tentados dessa maneira? No mesmo momento enviamos um fervoroso pedido de socorro aos Céus.
Mas assim que nos sentimos mais ou menos bem, seguimos novamente a rotina do dia. Não é de admirar se logo em seguida a mesma angústia nos surpreenda outra vez. A oração de nosso Senhor pronunciada conscientemente três vezes nos mostra de maneira bem clara que nós, se de fato queremos vencer as angústias que se repetem, não devemos apenas orar de vez em quando á Deus. Precisamos chegar ao ponto de levar uma vida de oração perseverante, regular. Somente assim nos tornamos filhos de Deus que conseguem lidar de maneira correta com suas angústias. Somente assim venceremos as nossas tribulações.
Três testemunhos claros das Escrituras nos exortam a orar dessa maneira: ─ “Regozijai-vos na esperança, sede pacientes na tribulação, e na oração perseverantes”. (Bíblia Sagrada) Rom. 12: 12. ─ “Perseverai na oração, vigiando com ações de graça”. (Bíblia Sagrada) Col. 4: 2. ─ “Com toda oração e súplica, orando em todo tempo no Espírito, e para isto vigiando com toda perseverança”. (Bíblia Sagrada) Efé. 6: 18. Se a Bíblia diz em Hebreus 5.7 que a oração de Jesus foi ouvida e que Ele encontrou livramento da Sua angústia, então isso só aconteceu depois da Sua oração insistente e perseverante.
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Mas ainda havia outro ponto importante: O nosso Senhor continuamente se entregava totalmente à vontade de Seu Pai: “E, adiantando-se um pouco, prostrou-se em terra; e orava para que, se possível, lhe fosse poupada aquela hora. E dizia: Aba, Pai, tudo te é possível; passa de mim este cálice; contudo, não seja o que eu quero, e, sim, o que tu queres” (Mar. 14: 35 – 36). Não fazemos ideia de como isso é importante. Não apenas orando três vezes as mesmas palavras, mas, com isso, sempre se submetendo à vontade de seu Pai, Jesus demonstrou uma confiança tão grande que jamais haverá confiança maior. Foi algo grandioso, em Sua angústia, Ele ter se apresentado três vezes a fim de orar as mesmas palavras.
Pois a Santa Palavra nos ensina que se Deus não nos ouvir por muito nos amar, quem sabe nos ouvirá por muito importunarmos. ─ Posso lhe garantir que, se o seu amigo não se levantar para lhe atender por ser seu amigo, todavia, o fará por causa da sua importunação e lhe dará tudo o que você necessitar. (Bíblia Sagrada) Luc. 11: 8. Mas por Ele – por assim dizer no tom fundamental da sua oração – sempre voltar a Se submeter a Deus foi uma prova bem especial de Sua confiança no Seu Pai celestial. Ele sabia: Eu posso orar que este cálice passe de mim, mas se meu Pai celestial o quer de outra maneira, então eu aceito e me coloco totalmente em Suas mãos. Isso é confiança total no Deus Todo-Poderoso!
Devemos ter isso em mente, pois apesar de irmos á Deus em oração, clamando e levando á Ele a nossa angústia, em última análise esperamos que Ele faça o que nós queremos. Reflitamos no que estava em jogo ali no Getsêmani: Ou Ele desistiria daquele sacrifício para o qual Ele estava designado, deixando de salvar a humanidade, ou Ele morreria pendurado naquela maldita cruz, como estava previsto, salvando assim a humanidade por tomar sobre Si a maldição do pecado. E embora a Sua obra redentora estivesse em jogo, Ele não fez a sua própria vontade, mas se submeteu totalmente à vontade de Seu Pai. Você não quer se tornar uma pessoa assim, que aprenda a lidar com as suas angústias e a vencê-las?
Então confie no Deus Todo-Poderoso, começando a levar uma vida de oração regular e perseverante. Mas nunca se esqueça de submeter-se totalmente à vontade de Deus enquanto ora. Essa entrega, seja o que for, sempre deve ser expressa em cada oração que você faz. Se você seguir esse caminho, você se tornará um cristão que, na verdade, ainda sente todas as angústias e apertos desse mundo, mas apesar disso permanece totalmente tranquilo em tudo. Estará seguro nas mãos do Senhor, aconteça o que acontecer. Na verdade, o que Deus tem determinado é o que realmente deve acontecer nas nossas vidas, que nem sempre é fácil, disso eu também sei!
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─ Tenho-vos dito isso, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo; eu venci o mundo. (Bíblia Sagrada) João 16: 33. Essas são palavras do Senhor Jesus. Você crê nelas? Então viva de acordo com a sua fé, confiando justamente quando o medo quer se apoderar de suas emoções no Deus Todo-Poderoso e invocando-O em oração, mesmo que isso lhe custe lágrimas de sangue! Meu caro leitor(a), que esta humilde mensagem possa lhe trazer conforto na hora da dor!
Transcrito por:
Pr. Manoel Teixeira
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Fones: (47) 3248-5126 / Cel. 99985-7616
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